sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

Questões fiscais atrapalham avanço do investimento-anjo

O número de investidores-anjo no Brasil ainda é pequeno, mas está em crescimento. São 6.450 pessoas físicas, segundo o último levantamento feito pela rede Anjos do Brasil, organização sem fins lucrativos que busca fomentar o segmento no país. Esse número cresceu 2,3% de junho de 2012 a julho do ano passado. Em 2011, o total de investidores era de 5.300, 18% menor.

Contudo, enquanto a fatia de pessoas aumentou pouco percentualmente, o volume desse tipo de investimento teve uma elevação de 25% no mesmo período, totalizando R$ 619 milhões investidos em startups, ante R$ 495 milhões em 2012. "O cenário é bastante positivo, mas o Brasil está muito aquém de mercados maduros, como países da Europa", analisa Cássio Spina, sócio-fundador da Anjos do Brasil.

Na visão de Junior Bornelli, vice-presidente de negócios e relacionamento do Angels Club, o setor de educação está entre os cinco que mais crescem no país para startups. "Uma dessas áreas é o agronegócio. Muitos apostam em tecnologia para aplicar na agricultura", diz. Outras que ganham destaque para investimento de capital semente são biotecnologia e saúde, com a criação de aplicativos para smartphones e softwares.

Um dos entraves que prejudica o avanço do investimento-anjo no país é a questão fiscal. "Estão acontecendo conversas com o governo sobre o assunto. A gente está tentando mostrar a importância do estímulo ao investimento-anjo", afirma. "Nos Estados Unidos, dá para compensar o prejuízo com lucros em exercícios posteriores", exemplifica Augusto Ferraz, presidente da Polaris Investimentos. A ideia é sensibilizar o governo brasileiro em relação a essa proteção tributária ao aplicador. "Os tribunais passam por cima disso. O investidor não é CEO da empresa em que investe e não pode ser cobrado por dívidas", afirma Spina.

A chamada "despersonalização" da pessoa jurídica é outro aspecto colocado em pauta em conversas com o governo. "Mesmo se eu faço investimento como pessoa física, o juiz tende a buscar [em situações adversas] o patrimônio do anjo, mesmo ele não tendo participado como gestor", diz Ferraz.

Magnus Arantes, presidente do HBS Alumni Angels of Brazil, acredita que o problema não seja a questão fiscal. "A minha visão é um pouco diferente da dos outros anjos. Nós precisávamos ter um ambiente que facilitasse o desenvolvimento de empresas. Quando isso acontece, o que fazemos acaba sendo facilitado também", explica. Esse avanço, diz, passa por simplificação tributária e normas trabalhistas mais atualizadas, não 'centenárias'. "Isso porque nós apostamos em empresas que trabalham na economia real", reforça.

Os anjos podem atuar juntos, em um clube ou uma associação sem fins lucrativos, individualmente ou por meio de fundos de investimento em participações (FIPs). Os investidores recebem o capital quando ocorre o desinvestimento (venda) da empresa. Segundo a Associação Brasileira de Private Equity e Venture Capital (ABVCAP), isso pode acontecer de cinco a dez anos após o início do fundo. Para investidores mais abastados, alguns gestores de patrimônio também incluem esse tipo de aplicação como sugestão de diversificação de portfólio. "No nosso caso, temos capital próprio e não fazemos captação de terceiros. São quatro analistas para avaliar projetos que hoje chegam a quase 500", conta Augusto Ferraz, presidente da Polaris Investimentos.

Fonte: http://www.anpei.org.br/ - (Com informações do Valor Econômico)

terça-feira, 21 de janeiro de 2014

Compra da Nest pelo Google é acolhedor para os financiadores

Acordo de US$ 3,2 bilhões está contribuindo para aumentar a confiança entre as empresas de capital de risco

San Francisco - A Nest Labs não está somente ajudando os donos de propriedades a manterem um ambiente aconchegante. A aquisição da fabricante de termostatos digitais pelo Google por US$ 3,2 bilhões também está deixando as companhias de capital de risco muito confortáveis.

A Kleiner Perkins Caufield Byers, uma das primeiras financiadoras da companhia cofundada pelo ex-executivo da Apple Tony Fadell, investiu US$ 20 milhões na Nest desde 2010 e terá um retorno de cerca de US$ 400 milhões, disse uma fonte do setor.

A Shasta Ventures, outra das primeiras financiadoras da Nest, aumentará seu investimento inicial mais de 15 vezes, disse outra fonte, que solicitou o anonimato porque os ganhos não são públicos. O ramo de empreendimentos do Google também tinha investido na Nest.

O acordo está contribuindo para aumentar a confiança entre as empresas de capital de risco, que com frequência apostam em companhias antes que estas tenham receita ou até mesmo um produto e dependem de grandes acordos para compensar o dinheiro perdido na vasta maioria de startups que fracassam.

Os capitalistas de risco também colheram grandes ganhos em 2013. Pelo menos 10 empresas geraram mais de US$ 1 bilhão cada em retornos de aberturas de capitais e aquisições, segundo documentos e dados compilados pela Bloomberg.

ªÉ um retorno muito significativo para o fundo”, disse Rob Coneybeer, diretor de gestão da Shasta Ventures, que dirigiu o investimento na Nest. Ele não quis dar detalhes específicos.

O ganho com o investimento na Nest é um dos maiores na história da Shasta Ventures. A companhia também lucrou com a aquisição da Mint pela Intuit em 2009 e com a compra da Zenprise pela Citrix System.

A Kleiner Perkins não disponibilizou nenhum dos seus sócios para fazer comentários. Scott Rubin, porta-voz do Google, não quis comentar.

A aquisição da Nest, por um valor de quase o dobro do pago pelo Google pelo YouTube em 2006, também fornece a maior recompensa para o próprio ramo de capital de risco do fornecedor de buscas. O Google Ventures, que investiu na Nest e opera como uma companhia independente dentro do Google, conservará os retornos, disse uma fonte do setor.

O Google Ventures encaminhou as questões para a Nest, que não quis comentar sobre os detalhes do financiamento.

Para a Kleiner Perkins, o acordo chega depois que a empresa de empreendimentos não conseguiu fazer parte dos investimentos iniciais em companhias de Internet como a Facebook e a Twitter.

Outro grande vencedor com a aquisição é Fadell, que não quis dizer de que proporção da companhia ele é dono.

“Eu queria me focar na diferenciação para os nossos clientes e concretizar a visão antes”, disse Fadell. “Eu não queria me focar no desenvolvimento de infraestrutura, que não é diferenciar-se, pois permite aos concorrentes chegarem e começarem a estar no nosso pé. Quero me focar naquilo que fazemos melhor”.

Fonte:http://exame.abril.com.br/