terça-feira, 13 de setembro de 2011

Startups brasileiras enfrentam o desafio de formar equipes e inovar.

Investidores buscam novas empresas com iniciativas criativas, experiência e planejamento a longo prazo.

Equipe de trabalho, inovação no mercado e solução para problemas são os três pontos que fazem de uma startup um bom negócio ou um risco. Será que existe fórmula para um empreendimento dar certo? Algumas empresas podem dizer que simplesmente tiveram sorte, mas antes passaram por um grande processo de captação de pessoas, pesquisa e planejamento para não se lançarem ao acaso no mercado brasileiro.

O sucesso rápido de algumas startups, que chegam a faturar R$ 600 mil anuais, se tornou porta de entrada para milhares de jovens empreendedores colocarem suas ideias em prática. É o caso das empresas Boo-Box, Samba Tech e Apontador, que lançaram ferramentas na internet, e da Do Bem e da Cachaça Express, que apresentaram novas bebidas aos brasileiros.

"Muitas empresas começam, mas poucas conseguem se destacar. Como a maior parte não consegue se diferenciar dos demais, acaba em um médio prazo não se sustentando e fechando", destaca Marcos Hashimoto, Professor Coordenador do Centro de Empreendedorismo do Insper, em entrevista ao Mundo do Marketing.

Projetos de investimento

Há também empresas que começaram como startups e hoje ajudam no desenvolvimento de pequenos negócios, avaliando as características para construção de uma boa equipe e ensinando as ferramentas de produção. Em agosto, o programa "Sua ideia vale um milhão", do Buscapé, selecionou quatro promessas de empreendimento e, neste mês, o Peixe Urbano patrocinou a entrada de cinco iniciativas digitais no Startup Farm.

O programa foi criado pelo Grupo Instituto Inovação, que há nove anos atua no Brasil e na América Latina fomentando a inovação e o empreendedorismo. Nesta edição, em São Paulo, 50 empreendedores estão trabalhando durante o mês junto com a consultora, cumprindo tarefas que darão suporte ao processo de desenvolvimento das startups no mercado. Após os 30 dias, serão selecionadas seis finalistas para a etapa de apresentações dos projetos para os potencias investidores.

Os organizadores planejam levar o programa, com a mesma proposta, para mais 10 cidades brasileiras. Em outubro, será a vez do Rio de Janeiro. "Acreditamos que o mercado vive um ótimo momento. Existem muitas oportunidades no Brasil e, com o apoio ao Startup Farm e a outras iniciativas, estamos incentivando esta cultura no país", declara Letícia Leite, Diretora de Comunicação do Peixe Urbano, em entrevista ao portal.

Já o BuscaPé, depois de analisar mais de 800 projetos na ação "Sua ideia vale um milhão", escolheu quatro startups e entregou R$ 300 mil de investimento inicial para que possa dar impulso e estruturar as empresas Urbanizo, Meu Carrinho, HotMart e Anucie Lá, que passarão a pertencer em 30% ao BuscaPé e estão orçadas cada uma em torno de R$ 1 milhão.

Qualidades de uma startup


Mas como saber se o investimento será rentável? Alguns colaboradores analisam características que são fatais para o bom andamento do projeto. O principal deles é a equipe, o perfil das pessoas por trás do projeto é relevante para qualquer tipo de empreendimento. O equilíbrio de competências traz um diferencial para empresa. Como, por exemplo, o Peixe Urbano, em que os três sócios fundadores apresentam experiências complementares. Júlio Vasconcellos possui um conhecimento forte na área de Marketing, Emerso Andrade apresenta habilidades para o comercial e Alex Tabor é especialista na área de tecnologia.

"Depois da equipe, a proposta é o segundo ponto mais importante. É necessário apresentar uma ideia com conceito inovador, que busque soluções para os problemas do mercado de forma criativa ou atenda negócios que estão em crescimento", comenta Felipe Matos, Sócio do Instituto Inovação e Organizador do Startup Farm, em entrevista ao portal.

Ainda existe um terceiro ponto que pode colaborar com o desenvolvimento de um startup, o mercado de nicho. Novas empresas não conseguem concorrer com o poder de capital de marcas consolidadas no mercado. O caminho mais fácil é criar um foco e um planejamento estratégico antes de lançar um novo produto ou ferramenta. Muitas empresas no comércio online buscaram uma especificação para não concorrer com companhias como Amazon ou Submarino e se tornaram especialistas em determinados produto.

Ideias que crescem e ganham visibilidade


Investir no diferencial ainda é a maior arma de Marketing da categoria. Foi assim que a startup Cachaça Express, presente há quase três anos no aeroporto de Confins, em Belo Horizonte, ganhou todo o Brasil há menos de um ano. O projeto de comercialização online da bebida artesanal passou por um período de planejamento e o primeiro passo foi o questionamento sobre a necessidade do negócio, já que o principal objetivo era aumentar as vendas e o giro dos produtos da loja. Logo após a ideia inicial, foi realizada uma pesquisa na internet para avaliar a concorrência e constatou-se que se tratava de um mercado mal explorado e amador.

Para ir além do que já existia na web, Emílio Lobato, Presidente da empresa, investiu numa plataforma distinta, com informações e fotos de estúdio dos produtos e em breve apresentará um mecanismo de visualização de 360° das imagens. "Estamos colocando uma marca nova por semana no site, hoje temos em torno de 100 disponíveis. Nada é estático no nosso processo de crescimento", expõe Lobato, durante a entrevista ao Mundo do Marketing.

Também no ramo de bebida há quatro anos, a Do Bem chegou ao mercado com um produto conhecido, mas uma proposta inovadora: suco de caixinha natural sem a utilização de nenhum aditivo, sequer água. Para viabilizar a ideia, o administrador Marcos Leta viajou pelos Estados Unidos e Europa a fim de conhecer uma tecnologia compatível com seu ideal de produto.

Com ações de Marketing que compreenderam as mídias digitais e o relacionamento com o público, além de embalagens com design diferenciado, a empresa conseguiu se destacar entre os correntes e, atualmente, os produtos estão em mais 400 pontos de venda do Rio de Janeiro.

Por onde começar?


Baseado no livro "StartUp", da norte-americana Jessica Livingston, os autores brasileiros Pedro Melo e Marina Vidigal lançaram em julho a obra "Startup Brasil", que conta a história de 10 empreendedores nacionais que transformaram o comportamento do público no país a partir de seus negócios, entre eles Cacau Show, O Boticário e Gran Sapore. A especialidade das startups hoje em dia, contudo, tem sido a criação de ferramentas no meio digital e aplicativos para celulares e tablets.

O caminho virtual pode ser mais prático, mas nem por isso mais fácil, afinal qualquer empresa precisa trabalhar sua imagem na internet também. Por meio de um planejamento estratégico com as ações de SEO (Search Engine Optizimation) e SEM (Search Engine Marketing), uma nova empresa pode se tornar bem cotada no ranking do Google ou outros sites de busca, assim como fez a Cachaça Express. Ao digitar o termo usual "cachaça" no buscador, o link da empresa aparece em terceiro lugar na página, aumentando a visibilidade da marca, que atualmente registra um crescimento de, em média, 30% ao mês nos acessos ao portal.

"O principal para uma startup é ganhar visibilidade e isso surge trabalhando bem em redes sociais, tendo um material que seja valorizado pelos potenciais clientes e que crie alguma forma de divulgação viral. É importante conseguir se sobressair aos demais por meio do próprio boca a boca que rola na internet", explica o Professor Hashimoto, do Insper.

Características das startups nacionais


Em pesquisa realizada pelo portal Mais StartUp, em junho do ano passado, 80% das startups brasileiras faturam de R$ 200 mil a R$ 600 mil e contam com entre cinco e 25 colaboradores. O site tem hoje 317 empresas cadastradas à procura de investidores e mão de obra qualificada, com empreendimentos inaugurados entre os anos de 2006 e 2010, principalmente do setor de tecnologia, seguido por mídia e varejo.

De acordo com o levantamento, 80% dos colaboradores têm menos de 28 anos e mais de 60% se encontram no segundo emprego, além de serem homens (60%) e de São Paulo (65%). O Rio de Janeiro e Minas Gerais também aparecem como potenciais regiões de investimento.

Além do processo árduo da captação de pessoas, as sociedades para o desenvolvimento dos trabalhos também é um desafio para as novas empresas. "Uma dificuldade que estamos passando é fazer a integração do site com as transportadoras. Hoje, entregamos pelos Correios, o que limita os pedidos em até 30 quilos. Precisamos estabelecer parcerias com as transportadoras tradicionais de cargas, mas as que contatamos ainda não estão preparadas para o e-commerce", declara Lobato.


Fonte: http://www.administradores.com.br

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