domingo, 25 de dezembro de 2011

Com parceiros privados, Ciência sem Fronteiras abre 12,5 mil bolsas de estudos no exterior!

Um dos objetivos do projeto é promover a cooperação internacional na área de ciência, tecnologia e inovação.

O aumento do número de estudantes brasileiros de graduação e pós-graduação no exterior e a maior presença de pesquisadores estrangeiros no Brasil, estimulados pelo programa Ciência sem Fronteiras , deve repercutir na qualidade do ensino na universidade brasileira. Essa é a expectativa do governo, que anunciou ontem a partida dos primeiros alunos de graduação das áreas de tecnologia e engenharia para a temporada de um ano nos Estados Unidos. Até agora, há 616 com vagas confirmadas.

Lançado no dia 26 de julho, o programa planeja conceder 100 mil bolsas de estudo até 2014, sendo 75 mil financiadas pelo governo e 25 mil ofertadas pela iniciativa privada. Além disso, busca atrair pesquisadores do exterior que queiram se fixar no país, ou estabelecer parcerias com os pesquisadores brasileiros.

Para o presidente da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), Jorge Guimarães, já na volta desses estudantes, haverá “impacto na questão curricular”. Segundo ele, é comum, em outros países, uma carga horária de mais estudos e menos tempo em sala de aula. “Lá é pouca aula e muito estudo”, relatou. Guimarães calcula que a diferença se dá na proporção de 40 horas de aula no Brasil para 15 ou 16 horas de aula no exterior, por semana. A maior parte do tempo é preenchida com atividades em laboratório ou em biblioteca.

De acordo com o Índice Geral de Cursos (IGC), calculado pelo Ministério da Educação para mais de 2 mil instituições de ensino superior do Brasil, cerca de 20% das universidades públicas e 50% das universidades privadas têm desempenho insatisfatório.

O presidente do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), Glaucius Oliva, também acredita que o Ciência sem Fronteiras possa alterar esse quadro, pois “tem efeito multiplicador” e “forçará” a rever o ensino. Ele lembra que as bolsas para jovens talentos e as bolsas para pesquisador visitante especial, a serem publicadas em editais conjuntos com as fundações estaduais de apoio e amparo à pesquisa, trarão quadros do interesse das universidades.

Além disso, o programa trará efeito sobre a cultura do ensino. “O acesso à universidade expandiu-se nos últimos anos. Precisamos dar qualidade e expor os estudantes a um ambiente de inovação”, disse Oliva à Agência Brasil, ao defender que “é possível fazer ciência e estar em ambiente produtivo. Eu quero que esses caras saiam para a indústria”.

“A questão de ter o edital em fluxo contínuo significa que cada instituição pode se programar e definir as áreas estratégicas que deseja dar andamento nos próximos anos”, acrescenta o presidente da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes), João Luiz Martins. Para ele, a publicação de editais será “fundamental para consolidar áreas de conhecimento, melhorar redes e trabalhar algumas áreas estratégicas que a gente precisa de apoio externo”.

Na opinião da presidenta da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), Helena Nader, “o Ciência sem Fronteiras transcende a oferta de bolsa e chama a atenção para a necessidade de internacionalizar as universidades”, diz referindo-se à exigência de que os candidatos estudem línguas estrangeiras, em especial o inglês. “Se o país quer ser competitivo, a língua inglesa tem que fazer parte da nossa cultura. O programa abre debate dentro das universidades brasileiras quanto à possibilidade de ter curso em língua inglesa”, observou Helena Nader.

Parceiros privados - Assim como os estudantes, os patrocinadores privados que aderiram ao projeto avaliaram positivamente as oportunidades que o programa gera para os participantes, para o ensino e para o país. “Nós todos sabemos que a capacidade, a qualidade profissional e o conhecimento são as coisas mais importantes para aumentar a produtividade e ajudar o crescimento do país”, disse o presidente da Febraban, Murilo Portugal, que hoje assinou termo de cooperação comprometendo-se a financiar 6,5 mil bolsas. Para ele, o programa tem “foco onde mais precisa [engenharias e tecnologia] e foco no mérito”.

Para o presidente da Confederação Nacional da Indústria, Robson Andrade, o governo acertou na escolha das áreas atendidas pelo programa. “São áreas em que a indústria, principalmente a de ponta, que está desenvolvendo tecnologia, precisa de pessoas preparadas, muito bem formadas e com capacidade de inovar”. A CNI vai financiar 6 mil bolsas.

Fonte: http://www.cidadebiz.com.br

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