segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

Às vésperas da revolução NFC.

Antes de estacionar o carro, hoje de manhã, apenas proximei o cartão de crédito do painel de controle da cancela da entrada e cinco dólares foram debitados da minha conta – sem precisar de senha, assinatura ou sequer encostar na máquina. Já se tivesse optado por pegar o ônibus, poderia ter usado o cartão Presto, uma das novidades dos transportes de Toronto, para pagar a passagem – também sem qualquer contato físico.

No caminho para o trabalho ainda passei no Starbucks e só precisei mostrar o meu smartphone para a atendente para pagar por um Grande Cafe Mocha – o mesmo procedimento adotado pelo WagJag, um dos sites de compras coletivas mais populares daqui, em sua modalidade Express (disclaimer: atualmente trabalho para uma empresa do mesmo grupo do WagJag, mas não é por isso que o estou citando nesta coluna). Finalmente, para abrir a porta do prédio, acionar o elevador antes do horário comercial e depois abrir a porta do escritório, tive que aproximar o crachá de cada um dos sensores.

Nada disso é exatamente novidade. O Mastercard com o sistema PayPass, que dispensa a leitura do chip ou da tarja magnética, eu já tenho há uns dois anos – e alguns cartões Visa têm a mesma funcionalidade sob a marca PayWave. O aplicativo do Starbucks nada mais faz do que exibir um código de barras na tela do celular (distorcido na imagem ao lado antes que alguém resolva tomar um cafezinho às minhas custas) para ser lido pelo leitor do caixa. E os crachás com transponders já são usados nas empresas mais modernas (e até em escolas, apesar da polêmica) há pelo menos uma década.

Por que resolvi escrever sobre isso, então? É que a primeira coisa que fiz quando liguei o computador do trabalho foi pagar US$5 para expandir minha quase lotada caixa postal do GMail. Ironicamente, para isso tive que digitar todos os números do cartão de crédito no Google Checkout, uma espécie de PayPal do Google. E dei de cara com o aviso de que agora o Checkout é parte da iniciativa Google Wallet, uma das inúmeras apostas da gigante de Mountain View para terminar de dominar o mundo.

Quando totalmente implementado, o Google Wallet e seus concorrentes permitirão fazer tudo o que eu descrevi desde o início da coluna usando somente um celular. Desde que ele suporte a tecnologia Near Field Communications (NFC), de comunicação a curta distância. Graças a um aplicativo lançado no fim do ano passado, smartphones como o Nexus S poderão se comunicar com os leitores dos sistemas PayPass e PayWave (aqueles da Mastercard e da Visa, respectivamente) em centenas de milhares de pontos de venda. Ou pagar passagens nos transportes públicos de Nova Jersey e demais cidades que decidirem adotar sistemas compatíveis.

Até existem adaptadores tão simples quanto um cartão MicroSD para acrescentar o recurso de NFC a diversos modelos de smartphones (iPhone inclusive, é claro), mas o melhor mesmo é ter um com NFC “de fábrica”. Além do pioneiro Nexus S com a grife Google, fabricantes como BenQ, HTC, LG, Motorola, Nokia, RIM e Samsung já lançaram ou prometeram aparelhos compatíveis – é só procurar pela marca aí do lado para saber se o celular em questão é certificado pelo NFC Forum. E, embora a Apple não tenha se pronunciado, há quem aposte que o iPhone 5 não apenas fará parte da lista, como será responsável pela massificação da tecnologia.

Por enquanto, parece que os maiores obstáculos à adoção da tecnologia são as preocupações com segurança, já que um aparelho capaz de pagamentos será um alvo e tanto para os hackers, e as alianças que estão se formando para dominar esse novo mercado. O Google pode ter se aproximado das duopolistas Visa e Mastercard em vez de tentar “desintermediá-las” do processo de pagamento, mas nem todo o mundo ficou contente com a parceria. As operadoras americanas At&T, T-Mobile e Verizon, por exemplo, têm no ISIS o seu próprio sistema de pagamentos móveis e já foram acusadas de bloquear o Google Wallet nos smartphones de seus clientes para proteger o mercado.

Politicagens à parte, além de um possível iPhone, outro grande alavancador da tecnologia NFC deve ser o WiiU, próximo videogame da Nintendo. A empresa já anunciou que o supercontrole do novo Wii terá NFC. E a idéia não é só facilitar o pagamento das microtransações que viraram moda nos games, mas permitir que o controle interaja com objetos que vão de figurinhas a brinquedos. Já imaginou o que isso pode significar para uma franquia como Pokemon, por exemplo? Na verdade, o potencial da NFC vai muito além dos pagamentos móveis. Mas isso é assunto para uma futura coluna.

Fonte: http://blogs.forumpcs.com.br - Por Julio Preuss

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