domingo, 15 de janeiro de 2012

A estrada tecnológica!


O Brasil tem conseguido aliar, nos últimos nove anos, crescimento econômico com distribuição de renda e geração de empregos, devido, em boa medida, à formação de um mercado interno robusto e em expansão.

Nesse sentido, um dos vetores principais ao desenvolvimento do país é o dos investimentos em educação, tecnologia e inovação, setores carentes de políticas específicas e de mão de obra especializada.

No ano passado, assistimos ao lançamento de um conjunto de medidas cujo objetivo é fomentar o surgimento de empresas de tecnologia que utilizem pelo menos 20% de componentes nacionais.

A contrapartida governamental é reduzir as tributações para as empresas que se instalarem no país e atenderem a esse requisito. O embrião é a indústria de tablets.

Desde outubro passado, a alíquota de 9,25% de PIS e Cofins para esse setor foi zerada. Além disso, os tablets foram incluídos no Processo Produtivo Básico (PPB), reduzindo também o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) e o Imposto sobre a Circulação de ‘Mercadorias e Serviços (ICMS).

Espera-se um valor final até 40% menor, aliando benefícios tributários à facilitação do acesso a um produto que, segundo as previsões, deve substituir o computador pessoal no prazo de alguns anos.

De fato, as projeções mais modestas esperam que as vendas de tablets no país atinjam 1,3 milhão de unidades em 2012, o dobro do que foi comercializado em 2011.

E as iniciativas que o governo federal adotou já permitiram um movimento altamente positivo ao país: a formação de um pólo produtor de tablets com componentes nacionais na região de Jundiaí e Campinas.

Com a queda na tributação - o IPI foi de 15% para 3% e o ICMS em São Paulo caiu de 18% para 7% -, pelo menos dez empresas se mostraram interessadas em produzir na região, sendo que quatro delas já estão em funcionamento.

É pouco mais de um terço das 28 empresas que solicitaram autorização para obter os incentivos tributários. Logicamente, esse movimento resultará em ampliação dos investimentos produtivos e em tecnologia.

Mais de R$ 500 milhões foram investidos até agora para montar novas linhas de produção, com expectativa de geração de pelo menos 6.000 novos empregos.

A cidade de Campinas já havia adotado políticas para atrair a produção eletroeletrônica, utilizando-se do fato de abrigar a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e de ser referência em centros de pesquisa e desenvolvimento (P&D). Agora, os estímulos federais se somarão a essas políticas para fortalecer o pólo tecnológico em formação.

Há muito para avançar no que se refere aos investimentos em tecnologia, especialmente em P&D.

O despontar desse polo Campinas-Jundiaí, de produção tecnológica com componentes nacionais, é um bom exemplo de nosso potencial de desenvolvimento ainda inexplorado. O desafio, portanto, é conseguir espalhar esse movimento para outras regiões.

Só será possível fazer isso se conseguirmos articular os investimentos em educação, inovação e infraestrutura, atraindo a iniciativa privada. Demos o primeiro passo, sem dúvida, mas ainda temos toda uma estrada a percorrer.

Fonte: http://www.brasileconomico.com.br - José Dirceu - Ex-ministro da Casa Civil e membro do Diretório Nacional do PT

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