segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Inovação e visão de futuro.

Vivemos, hoje, em um mundo em transição, marcado pela mudança das relações internacionais e pela difusão do poder global, caminhando assim para a multipolaridade.

Os temas globais da humanidade tais como regulação dos mercados financeiros, combate à miséria, terrorismo, paz e segurança passam a exigir uma governança global com uma pressão cada vez mais forte da sociedade mais globalizada e conectada.

FHC, em seu recente livro “A Soma e o Resto”, fala da sociedade contemporânea que vivenciamos, que etimologicamente quer dizer “que é do mesmo tempo”, com a disseminação do celular, internet, computador, lan houses, que todos usam, mesmo nas periferias. As sociedades tradicionais estão passando diretamente para as sociedades contemporâneas, pulando a modernidade, como está acontecendo no mundo árabe.

Como tratar o divórcio da política e sociedade, os temas globais da humanidade, a fluidez do poder dos países neste ambiente de uma sociedade contemporânea conectada globalmente, pressionada pelas demandas do “aqui e agora”?

Neste ambiente fluido, marcado pela incerteza, uma visão de futuro não pode surgir apenas do planejamento nos moldes do passado, mas de uma capacidade de enfrentamento do inesperado pela inovação com a exploração das novas ideias.

A inovação, seja em produtos, processos, serviços, negócios e gestão, afeta a todos, direta e indiretamente, agregando valor, alterando as forças tradicionais.

A inovação é um processo complexo não se limitando às novas conquistas tecnológicas, mas também na sua utilização para atender às demandas das forças políticas, sociais e culturais.

O caminho seria a criação de ambientes inovadores com foco compatível com a cultura e recursos regionais, atendendo aos anseios da sociedade e estabelecendo pontes entre universidades, centros de pesquisas, empresas, organizações, governos, investidores e capital de risco, formando um ecossistema abrangendo todos os agentes.

Como suporte a um projeto de inovação, está a necessidade de uma educação de qualidade com vertente forte no Empreendedorismo. O empreendedor é aquele que inova, busca oportunidades, tem persistência e transforma sonhos e ideias novas em realidade.

Há também a necessidade de estabelecimento de uma política pública, em todos os níveis de governo, de apoio aos empreendedores e inovadores com recursos alocados e eliminação da burocracia que emperra a realização dos projetos.

A inovação está diretamente ligada a P&D (Pesquisa e Desenvolvimento), o investimento tímido (cerca de 1,3%PIB-Produto Interno Bruto) do Brasil em P&D merece uma atenção especial na implantação de uma infraestrutura adequada para receber os recursos, como também na eleição das vertentes prioritárias a desenvolver.

Um exemplo significativo do resultado da P&D é o de Israel que, com sete milhões de habitantes e em uma área desértica menor que Sergipe, investindo cerca de 4% do PIB (o maior), tornou-se um Estado sustentável, exportando tecnologias de ponta para o mundo, além de já ter conseguido cinco prêmios Nobel.

Os BRICs (Brasil, Rússia, Índia e China), entre os quais o Brasil se insere, têm investimentos em relação ao PIB na faixa de 1%, porém o incremento anual da China é de 20% (o maior), enquanto o do Brasil é de 3% (o pior).

No Brasil, apesar de existirem algumas áreas pontuais de excelência, falta alocação de recursos com foco principalmente nos setores tecnológicos e uma gestão eficiente e ágil com mais articulação dos sistemas de inovação, com ênfase na ligação da academia com as empresas.

O Brasil tem de enfrentar o desafio da produção de conhecimento, pois isso é que vai determinar o ritmo do avanço e o peso de cada um dos BRICs na capacidade de inovação que resultará na composição econômica mundial das próximas décadas, se inserindo na multipolaridade que se avizinha.

Para ser BRIC, de verdade, o Brasil precisa de uma passada mais larga.


Fonte: http://www.brasiliaemdia.com.br

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