sexta-feira, 7 de junho de 2013

Como aumentar investimento público e privado em inovação?

O segundo painel do fórum Estadão/FINEP buscou responder como é possível aumentar os investimentos tanto do governo, quanto de empresários, em inovação. Daniel Randon – Presidente da Fras-Le e Membro do Comitê Executivo das Empresas Randon, Pedro Luiz Passos –Co-presidente do Conselho de Administração da Natura, Alexandre Birman – Presidente da Arezzo e Wolney Betiol – Presidente do Conselho de Administração da Bematech foram unânimes ao afirmar que, para estimular a inovação, é necessário aumentar a competitividade. “A taxa de inovação por aqui ainda é baixa porque a competição é baixa”, destacou Pedro Luiz Passos, ressaltando que as discussões de governo e empresários precisam atuar para uma modificação desse panorama.

Para eles, as leis trabalhistas são extremamente importantes, mas atrapalham a competitividade do mercado brasileiro em alguns aspectos. “É mais barato hoje montar um centro de P&D nos Estados Unidos do que aqui”, disse Wolney Betiol, destacando que a Bematech surgiu durante a abertura de mercado, promovida pelo Governo Collor, nos anos 90.

“Quando todas as empresas tradicionais estavam balançando com a entrada da concorrência estrangeira... Foi aí que decolamos. Já começamos num ambiente que, para se desenvolver, precisávamos inovar e driblar a concorrência”, afirmou o dirigente da empresa do ramo tecnológico.

Tudo começou com um investimento anjo. Foram US$ 150 mil num primeiro momento. Em 1999, o BNDES virou acionista. Em 2007, já abria seu capital. Hoje, tem um faturamento de 5 a 10% em P&D. “Como sociedade, o Brasil precisa entender que, para apesentar um ambiente de inovação, precisamos ter estabilidade econômica. O governo é o indutor, mas as empresas é que têm de construir. Investimento em inovação é investimento de risco, e foi o que fizemos desde o começo: arriscar”. Por fim, provocou: "que tal um processo nos moldes do que se fez com Lei Rouanet para empresas que inovam?".

Pedro Passos contou que a Natura já nasceu inovadora em 1969 – “um nome como este era bastante à frente do tempo naquela época, aqui entre nós” – e que o foco em biodiversidade foi a forma que encontraram para enfrentarem as gigantes multinacionais que existiam na época. O investimento hoje em inovação da empresa representa 3% da receita líquida e 65% do faturamento vem de produtos lançados nos dois últimos anos.

“Apesar dos bons resultados, enfrentamos problemas. E um deles é o do marco regulatório. Os assuntos regulatórios do Brasil dão muito mais problemas do que deveriam”, disse, destacando ainda que “o Brasil poderia ser um polo importante como agência de propriedade intelectual”.

Já Alexandre Birman, da Arezzo, lembrou que a empresa de calçados nasceu num fundo de garagem e que, para crescer, a inovação foi componente fundamental. E deu a receita: a partir dos anos 90, trabalhamos no trinômio branding (exposição da marca), desenvolvimento de novos produtos e franquias. “Lidamos com um público feminino que compra por impulso, ou seja, que é estimulado a comprar num passeio qualquer pela rua. Sabemos dessa característica romântica do nosso cliente e focamos nele”.

Para ele, o consórcio design e conforto é o grande chamariz da Arezzo, que já tem lojas espalhadas por diversos países do globo. O empresário elogiou a atuação da FINEP na promoção da inovação e pela sua recém-lançada iniciativa de dar resposta aos pedidos de financiamento em trinta dias: “este é papel do governo, pavimentar o caminho da inovação, que é protagonizado pelo setor produtivo”.

A Arezzo tem crescimento médio de 36% desde 2007. “Somos uma empresa verticalizada com amplo foco em P&D”, frisou. Birman não deixou de destacar os problemas que enfrenta no caminho para crescer inovando: “No tocante às leis trabalhistas, falta de clareza na relação comercial entre fornecedores e clientes. Recentemente, fomos processados por um motivo que tinha a ver com um fornecedor nosso que fechou as portas, e não com a gente”, lamentou.

Daniel Randon contou que sua empresa, do segmento de transporte de cargas, conta com 13 mil colaboradores e que 20% de sua receita é proveniente do mercado externo, que também é seu histórico principal competidor. “O meu preço de produto quase não teve inflação nos últimos 10 anos. Mas o custo de energia e mão-de-obra cresceu. Sem falar nos custos de matéria-prima. Desse jeito, só inovando. Há um jogo desigual com países que não têm leis trabalhistas. As empresas precisam se reinventar”.

Randon disse ainda que “quando o orçamento aperta, sangra primeiramente o departamento de P&D, o que é um erro”. “A concordata em 88 foi dureza, mas nos fez melhorar. Investindo em P&D o resultado é arriscado, mas positivo”, finalizou.

Fonte: http://www.finep.gov.br/

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