quarta-feira, 16 de novembro de 2011

A Europa precisa de “cérebros jovens” !

Durão Barroso, presidente da Comissão Europeia, avisa que a Europa tem de investir na educação, investigação e inovação. Um em cada cinco jovens europeus não arranja trabalho.

Durão Barroso conhece bem o país. Era primeiro-ministro quando decidiu aceitar o convite para presidir à Comissão Europeia. Esta sexta-feira, em Lisboa, quando na Assembleia da República se analisava o Orçamento do Estado, o político decidiu alertar o país de que é preciso investir na Educação. Menos formação é sinónimo de mais recessão. O aviso poderá não ter sido inocente. Foi feito durante uma conferência na Universidade de Lisboa.

"Todos sabemos que a consolidação orçamental e as reformas estruturais são necessárias para estabilizar as nossas economias, mas sabemos também que a realização de cortes erradas nas despesas pode simplesmente fazer a Europa entrar em recessão", alertou. A Europa tem uma estratégia definida até 2020 para reduzir o abandono escolar de 15 para 10% e aumentar de 31 para pelo menos 40% o número de alunos que concluem o Ensino Superior. Durão Barroso defende que a Europa precisa de "cérebros jovens". A mensagem também atinge Portugal.

O tempo urge, há que definir soluções. "É agora que teremos de tomar as decisões corretas e aplicar as reformas necessárias para aumentar as nossas capacidades em matéria de educação, investigação e inovação". Três pilares que funcionam como motores do "crescimento económico inteligente". Durão Barroso sabe do que fala e avisa que os programas curriculares devem ter consciência do que são as reais necessidades do mercado laboral. Por isso, em seu entender, é fundamental aumentar a flexibilidade dos programas de ensino, recompensar a excelência no ensino, incentivar a mobilidade, divulgar as ideias além fronteiras.

O cenário não é animador e poderá piorar: um em cada cinco jovens europeus não consegue arranjar trabalho. E é essa nova geração que terá de garantir o desenvolvimento dos seus países e suportar o envelhecimento da população. As faculdades têm uma importante palavra a dizer nesta matéria, já que, sublinha, "são as únicas instituições capazes de satisfazer os três lados do triângulo: educação, investigação e inovação".

"Investir hoje no capital intelectual é o melhor investimento que podemos fazer para a Europa do futuro". A Comissão Europeia tem 15,2 mil milhões de euros para investir na educação e na formação profissional e 80 mil milhões destinados ao financiamento em investigação e inovação - um aumento de mais 46%. Barroso refere que é importante encontrar mecanismos alternativos de financiamento do Ensino Superior e considera o programa Erasmus, que em breve deverá estender-se ao mestrado, um verdadeiro êxito. "Há que apoiar todas as medidas que possam contribuir para formar, atrair e conservar os melhores alunos, tanto da Europa, como dos países terceiros".

A Federação Nacional da Educação (FNE) fica satisfeita com as palavras de Barroso. Para João Dias da Silva, secretário-geral da FNE, o presidente da Comissão Europeia não poderia assumir uma posição diferente. A mensagem é clara, sublinhada nas reuniões dos conselhos de ministros europeus, nos documentos que a FNE tem elaborado, no relatório do Conselho Nacional da Educação. A aposta no setor educativo é fundamental para qualquer país. "Mesmo em tempos de crise, a educação e a formação são estratégicas", refere Dias da Silva ao EDUCARE.PT.

Armindo Cancelinha, da Associação Nacional de Professores (ANP), concorda com Durão Barroso. "Faz sentido que se consiga definir um currículo aproximado". "Ou teremos uma Europa que defina um currículo aproximado, que prepare os nossos jovens para a empregabilidade em toda a Europa; ou teremos currículos diferenciados", diz ao EDUCARE.PT. Na sua opinião, é necessário reequacionar algumas questões para definir uma Europa que fale a uma só voz em termos educativos.

Fonte: http://www.educare.pt

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